Grafitado
Tenho grafite nas mãos
eu quero minha mente nos muros
Eu quero repintar o futuro
naquilo que eu fiz de senão
Sansão de cabeça raspada
São Jorge sem lança e dragão
Eu quero riscar nesses muros
Que ainda existe opção
De ser, vir a ser no rabisco
A minha eterna esperança
Deixando uma vida de traças
E me retornar em criança
Riscando rabiscos dispersos
de um jeito tão livre e complexo
Que até me proponham em tese
Qual bicho estudado em bancada
Sendo destroçado em lâminas
Sendo dissecado em sentidos
Até que percebam que a riqueza dos riscos
É reconhecer-se no nada