Realidade indigesta
Neila Costa
É realidade indigesta,
Em grande parte funesta,
As noticias publicadas
Nos blogs e nos sites.
É sempre alguém metralhado
Num botequim qualquer,
Sem nunca ter imaginado
Que um dia teria esse fim.
Para bandidos pouco importa
A cor, a raça... a riqueza ou a pobreza!
Hoje em dia ninguém escapa
Da cólera desumana.
Até o pobre, com seu mínimo salário,
Não passa desapercebido
Dessas feras marginais.
Para delinquentes tudo é chalaça!
Ai de quem em um assalto
Der “trocados” por pirraça.
Reze para não ser maltratado
Ou receber grave ameaça.
Tem mais: não faça birra,
Nem seja malcriado,
Se não quiser que te matem!
Parece que hoje em dia
A desgraça é natural!
E é assim
Em todo território nacional.
Dos tempos parece o fim!
Coisa do demo! Surreal!
Se alguém é sequestrado,
Sofre estupro, é surrado,
Tem o corpo ou seus pedaços
Largados em matagal.
Se ao contrário, sofre assalto,
Roubam-lhe os pertences e o carro,
Muitas vezes comprado
Com um dinheiro suado.
E ainda tem que agradecer
Sua vida terem poupado.
E tem bandidos de moto
Que assaltam a luz do dia,
Em trânsito engarrafado,
A senhora distraída,
Não importa se feia ou atraente
Que sem noção do perigo
Fala ao telefone e dirige
Com a bolsa no banco da frente.
Sem falar dos apaixonados
Que namoram na praça,
Dentro dos carros,
Que os marginais por graça,
Ameaçam os infortunados!
Além disso,
se comparar o tiroteio
Entre policia e marginal
Com filme onde há mocinho,
E coisa e tal,
O marginal faz papel
De artista principal,
Enquanto o policial
Que corre pela cidade,
pelas grandes favelas
Em busca dos facínoras,
Para por fim as procelas,
São considerados bandidos!...
Sabe-se que nessa luta
Muitos deles já morreram,
Afinal, o combate é desigual!
Por falta de um diferencial:
Salário justo
E arma especial.
Por ironia do destino,
O que é esquisito,
É que ao marginal
Ainda damos um mimo!
Pois somos nos que pagamos
Bem mais do que o mínimo
Que ganha um trabalhador,
Embora não seja nada original,
Para mante-los em cela comum
Ou em cela especial.