VIPERINO
Liberta víboras famintas pela voz...
Olhar fulmina em flecha aguda, feita em brasas...
Os pensamentos, águias voando ao léu, sem asas,
a prepararem iminente ataque atroz...
As mãos trucidam esquilinhos delicados
de crença amena, de florido em mundo em paz,
dos inocentes que não sabem do mordaz
de intuitos seus, letais venenos cultivados...
O coração, recinto escuro de paredes
que espremem tudo em tenebrosa ação motriz,
produz o visgo das gomosas teias, redes
nas quais se cola todo aquele que o desdiz....
Assim tornou-se o bruto servo da ignorância,
que procurou guarida, um dia, na arrogância.