Bouquê

Bouquê

Guardo teus passos no cangote dos meus pelos

E meus pelos no cangote dos teus passos...

Numa alegria, ando chorando

Pisando em falso...Levitando.

Barco à deriva sem desvelo,

Quanto te preciso. Imaginário.

Último ato.

Pausa,

Compasso.

Maestro destro.

...Se me joga pedras, eu peteco flores...

Lâminas de aço...

Reflexo no espelho

Desvelo

Compaixão

Cascata de palavras

Em solidão.

Quarto afugentado

Fugidio

Arrepio nas narinas e orelhas

Vejo o que totalmente cego está.

Cortina transparente nas janelas

Levitando ao vento...

Leio em braile

Tatuo paisagens

Olhos cegos de amor.

E por amor de si

Deixei-me amar.

Nas páginas da vida leio

Paisagens e desvelos vãos

Tantos apelos em troca de nada

Apenas um pedido, feito Prece.

Vê se não me esquece, viu?

Me apetece...

Os meus carinhos são folhetos de botequim

E meus versos se perdem em nanquim

De mão em mão, passam sem apreço.

E a saudade tem em ti o endereço

O endereço que gostaria de esquecer...

Mas não esqueço e o que faço?

Quando quero a ti, me abraço.

Nas colinas subterrâneas dos espaços

Traço linha à linha

Traço à traço

Nas entrelinhas

Quase me perco

E me conforto n'uma lágrima de saudade...

Não tens piedade?

Não! Não tens...

Sou bouquê de flores,

E me entrego a ti

Sem perceber que flores murcham depois do jardim.

Tony Bahia

¨¨¨¨¨¨¨inspirado em "Uma pedrada", do nosso querido Facuri.¨¨¨¨¨¨¨

Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 08/10/2012
Reeditado em 09/10/2012
Código do texto: T3921583
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