Bouquê
Bouquê
Guardo teus passos no cangote dos meus pelos
E meus pelos no cangote dos teus passos...
Numa alegria, ando chorando
Pisando em falso...Levitando.
Barco à deriva sem desvelo,
Quanto te preciso. Imaginário.
Último ato.
Pausa,
Compasso.
Maestro destro.
...Se me joga pedras, eu peteco flores...
Lâminas de aço...
Reflexo no espelho
Desvelo
Compaixão
Cascata de palavras
Em solidão.
Quarto afugentado
Fugidio
Arrepio nas narinas e orelhas
Vejo o que totalmente cego está.
Cortina transparente nas janelas
Levitando ao vento...
Leio em braile
Tatuo paisagens
Olhos cegos de amor.
E por amor de si
Deixei-me amar.
Nas páginas da vida leio
Paisagens e desvelos vãos
Tantos apelos em troca de nada
Apenas um pedido, feito Prece.
Vê se não me esquece, viu?
Me apetece...
Os meus carinhos são folhetos de botequim
E meus versos se perdem em nanquim
De mão em mão, passam sem apreço.
E a saudade tem em ti o endereço
O endereço que gostaria de esquecer...
Mas não esqueço e o que faço?
Quando quero a ti, me abraço.
Nas colinas subterrâneas dos espaços
Traço linha à linha
Traço à traço
Nas entrelinhas
Quase me perco
E me conforto n'uma lágrima de saudade...
Não tens piedade?
Não! Não tens...
Sou bouquê de flores,
E me entrego a ti
Sem perceber que flores murcham depois do jardim.
Tony Bahia
¨¨¨¨¨¨¨inspirado em "Uma pedrada", do nosso querido Facuri.¨¨¨¨¨¨¨