Botanical fuck




E o potencial de toda a flor habita
no inevitável talento para o disfarce
de estranhos odores dos funerais diários.
Morre-se tanto, tanto quanto se alivia
o sexo aberto, podado, amputado e oferecido,
em troca de animalescos atos romanceados.

Nada é belo, nem ao menos purificado,
pois pétalas abertas, denunciam o passado.
De línguas e bicos por aqui penetrados,
fazendo corolas gemerem no silêncio guardado.
Torna-se desnecessário o momento divino,
no bater das asas, e no sémem carregado.

Propelentes, comburentes e outros achados,
amontoam-se numa proporção áurea do abandonado,
de campos expostos, de jardins canibalizados,
onde jazem corpos, fórmulas e genes modificados,
simulando a paz, de uma brisa inesperada...
uma tempestade miniaturizada e compartimentada.

O que apodrece o peito e envenena a alma,
reflete da natureza seu estado de predador.
As flores relutam, o coração persiste...
Nada no fim vive, tudo é esquecido
o canibalismo sempre vence e as histórias,
essas se fossilizam e viram pedra no passado.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 06/10/2012
Reeditado em 06/10/2012
Código do texto: T3919713
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