BALCONISTA DA LOJA DOS SONHOS
BALCONISTA DA LOJA DOS SONHOS
A loja não tinha de especial,
Tinha soldado de chumbo,
Também tinha teia de aranha,
Num canto boneca de porcelana,
Então o que tanto a todos encantava?
Era a negra balconista de olhos alegres,
Que ria o seu sorriso de marfim,
Que vendia um sonho na sua fala,
Um sonho num jogo infantil.
Ali estava a balconista tão bela,
Com o seu lindo cabelo pixaim,
Sorriso de fada negra dos sonhos;
Talvez fosse bruxa boa no este,
Não importa a direção que viera,
Não importa se era bruxa ou fada,
La estava à balconista negra e bela,
Vendia sonhos como ninguém mais.
Encantava a todos os que sabiam sonhar,
Pois só sonha quem ainda tem asas
Ou quem ainda ousa a levitar.
A balconista vendia brinquedos
E magos alados passavam ali na vitrine,
Entravam na loja e ela a todos sorria,
Perguntavam o preço dos carros,
Sonhavam que os bonecos que eram heróis,
Com os soldados que agora eram de plástico
E a balconista negra jogava a todos a sua magia.
Os alquimistas do sonho ali se alimentavam,
Numa rua chamada treze de maio,
Com uma balconista negra,
Que partiu num cometa para o espaço.
André Zanarella 23-02-2012