O PÓ DA TERRA
Levanta-se da terra, o sangue em pó
e o perfume do sândalo a umedecer os pergaminhos
onde se inscrevem todas dores que o silêncio não sepultou.
E os gritos das rocas tecendo os fios
na fina urdidura da vida
fazem vibrar os grãos adormecidos
brotando a seiva doce
em bagas que se dão ao sol.
O tempo introspectivo
caminha feito um ancião encurvado, calado,
levando nas mãos, tintas e pincéis - ocre e magenta
desenham no coração a antítese de cada sonho
ainda por viver.
Onde está o futuro e o passado?
O anel cuja pedra nunca brilhou
jaz esquecido num canto
aonde a luz dos olhos nunca chegou.