DESVALIDOS

DESVALIDOS

Numa esquina qualquer

Esquentando uma colher

Lá está um pequeno guri

Tão novo e já é um zumbi

Não muito distante

Outra criança errante

Cheira um pote de cola

Quando deveria estar jogando bola

Um pouco adiante

Um esquálido infante

Acende de crack um cachimbo

E jamais sairá do limbo

Essas infelizes crianças

Repletas de desesperanças

Perambulam por nossas cidades

E jamais serão verdades

Terão sem dúvida curta existência

Se é que assim pode ser chamada

Só vai restar a essa molecada

Um fim violento e sem clemência

Esses frutos gerados

Por “pais” famigerados

Cedo irão embora, estarão findos

Na realidade nunca deveriam ter vindo

E nós vamos passando

Assistindo, olhando, pensando

Sentimentos se misturando

E o tempo passando

O que fazer

Como proceder

Como resolver

Ou esquecer

Qual a solução

Aplicar sanção

Estender a mão

Clamar ao Pai pela oração

É um drama moderno

Um verdadeiro inferno

Infame, desumano

Neste mundo insano

Viva o desenvolvimento estatístico

Viva o grande crescimento

Propagado aos quatro ventos

Se não fosse triste, seria humorístico

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 05/10/2012
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