DESVALIDOS
DESVALIDOS
Numa esquina qualquer
Esquentando uma colher
Lá está um pequeno guri
Tão novo e já é um zumbi
Não muito distante
Outra criança errante
Cheira um pote de cola
Quando deveria estar jogando bola
Um pouco adiante
Um esquálido infante
Acende de crack um cachimbo
E jamais sairá do limbo
Essas infelizes crianças
Repletas de desesperanças
Perambulam por nossas cidades
E jamais serão verdades
Terão sem dúvida curta existência
Se é que assim pode ser chamada
Só vai restar a essa molecada
Um fim violento e sem clemência
Esses frutos gerados
Por “pais” famigerados
Cedo irão embora, estarão findos
Na realidade nunca deveriam ter vindo
E nós vamos passando
Assistindo, olhando, pensando
Sentimentos se misturando
E o tempo passando
O que fazer
Como proceder
Como resolver
Ou esquecer
Qual a solução
Aplicar sanção
Estender a mão
Clamar ao Pai pela oração
É um drama moderno
Um verdadeiro inferno
Infame, desumano
Neste mundo insano
Viva o desenvolvimento estatístico
Viva o grande crescimento
Propagado aos quatro ventos
Se não fosse triste, seria humorístico