Ressaca da vida
Ressaca da vida
A madrugada está nublada...
Tenho medo de alçar voo e espatifar-me no chão
Sempre encontro pássaros, sendo devorados por formigas.
Uma cova e uma Prece.
Vibra o silêncio, na madrugada sem asas...
E como acordar em uma manhã póstuma?
Com palavras que saem de mim engasgadas?
Enquanto outros pássaros timbram na algazarra do amanhecer?
E são tantos os cantares, que até pássaro imagino ser...
A poesia une e transporta...voa feito vento
Sem saber para onde foi...sabe-se que foi...
Transpira, carregando sentimentos...
Vão desafiando e afiando amoladas facas
E são jiboias com tentáculos
Para machucar, ferir, cortar...sangrar os meus espaços!
Caminhos adormecidos, que transformaram meus nervos em aço.
O poeta, deixa vivo seu tempo
É irmão do vento, do sol, da lua e das estrelas
Num encontro atraente que não é terrestre...
Sou chuva em um banho de chuva
Semente das minhas sementes
Que foram germinadas e regadas para viver
Regadas, como? Com dores? Sim...às vezes.
E que faz brotar da alma, a alma das palavras.
Versos molhados, pelo orvalho frio da manhã
Querendo nascer no papel ou pelos dedos no teclado.
Palavras encontradas no trevo
Procurando o caminho da cólera ou do amante
Mas palavras não cabem ficar prisioneiras...
Antes, iluminam a escuridão do meu olhar
Que entrega-se desnudo e sóbrio à poesia.
A inspiração excita-me...Faço sexo com os versos ao luar...
Engravido a Lua
E os filhotes terão brilho farto nas manhãs de sol.
Metamorfose de pedra em voo livre
Para o fundo do oceano num olhar águia.
Mergulho procurando sentido nos abissais de ondas submersas
Retorno à tona, preciso respirar...
Volto para buscar um pedaço da minh'alma que ficou nas pedras
Retorno à praia, escalando abismos...
Coloco em minhas costas, degredos, feito casco de tartaruga...
Caminho devagar...o fardo é pesado e a estrada longa...
Minh'alma transborda de todas as prisões, sensações de universo...
Saio do subterrâneo, apenas com rascunhos de versos...
Caminho no deserto de mim mesmo
Luzes, feridas, cicatrizes pontiagudas, beijos e abraços
A poesia cura a ressaca da vida e não engole sapos.
Tony Bahia
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨interação?¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
Vastidão tão grande e tão funda
que me lembrou a vastidão de Walt Whitman
"Faço sexo com os versos ao luar"
Poucos, muito poucos,
conseguiram atingir tal altura poética.
Zuleika dos Reis
.....................................Obrigado, querida Zu..........................
Pelo carinho das palavras e por estarmos
juntos...( os três sempre, nessa página)!...
Todo meu carinho e amor, ...tony.