De fundo
O finado pairava na tábua solidária
Caixa apertada, meias limpas, cara fechada.
Choradeira disfarçada, lágrimas pesadas
Fecha-os para a terra, escuro negro
Flores rosa vêm trazer as centenas.
Cheiro outrora, perfume da vida
Chora, agora, lágrimas da pena
Corrente fúnebre, homens filas.
Terras cobrem o corpo em chamas
Que arde em desespero pela vida.
Ela que outrora se desfez em velhice
Minha amada, lágrimas...
Cava buraco, recebe este corpo
Terra esquecida, das formigas.
Vêm fazer amizade: as formigas.
Células desconstituídas
Minhas poesias ficam no chão
Perdidas, à espera do pai.
Chora, agora, filho meu,
Monção, ensejo aprazível;
Querido, te espero, um dia
Estarmos unidos no mesmo chão
Cheirando as relvas da solidão!
Vem comigo fazer festa-animação.
Aqui de baixo, brincar com a escuridão
Um dia, quem sabe, podemos, de novo
Viver para esta vida como um corvo
De asas brancas, para trazer outro conto
Mas renascendo como criança para começar tudo de novo
Viver, crescer e morrer da vida em alegria, agonia, ironia, ventania
O vento leva as folhas, deixa um alô, ar novo, vem dizer: tudo começou de novo...