De fundo

O finado pairava na tábua solidária

Caixa apertada, meias limpas, cara fechada.

Choradeira disfarçada, lágrimas pesadas

Fecha-os para a terra, escuro negro

Flores rosa vêm trazer as centenas.

Cheiro outrora, perfume da vida

Chora, agora, lágrimas da pena

Corrente fúnebre, homens filas.

Terras cobrem o corpo em chamas

Que arde em desespero pela vida.

Ela que outrora se desfez em velhice

Minha amada, lágrimas...

Cava buraco, recebe este corpo

Terra esquecida, das formigas.

Vêm fazer amizade: as formigas.

Células desconstituídas

Minhas poesias ficam no chão

Perdidas, à espera do pai.

Chora, agora, filho meu,

Monção, ensejo aprazível;

Querido, te espero, um dia

Estarmos unidos no mesmo chão

Cheirando as relvas da solidão!

Vem comigo fazer festa-animação.

Aqui de baixo, brincar com a escuridão

Um dia, quem sabe, podemos, de novo

Viver para esta vida como um corvo

De asas brancas, para trazer outro conto

Mas renascendo como criança para começar tudo de novo

Viver, crescer e morrer da vida em alegria, agonia, ironia, ventania

O vento leva as folhas, deixa um alô, ar novo, vem dizer: tudo começou de novo...

Robson Gomes Barbosa
Enviado por Robson Gomes Barbosa em 05/10/2012
Código do texto: T3917019
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