INESCRUTAVEL
O inescrutável e teu lugar
Oh com que verdes e grandes assombros convives-te?
Tuas escolhas trouxeram de antes medos breves
Ainda mais breves se perderam teus sorrisos felizes
Neste estival engenho de palavras múltiplas
Céu azul de primavera anciã e esquecida
Quem te entende oh mistério dos mistérios?
Quem te entende?
Tudo que te rejeita o faz cego e sem rumo
Desejando ver o rubro do teu sangue
Desejando ver o lustro de tuas lagrimas
Desejando ser objeto do teu desejo
Desejando...
Você compreende que a estrada não tem fim?
Não leio nada nestes olhos quase velados
Alcateias, matilhas, bandos, manadas, com que andas afinal?
Em que andas?
O que ainda sacia tua fome assustadora?
O que ainda te assusta?
Havia um medo cercando o teu passado
Uma aura velha de perigo incompreensível
Você esqueceu?
Esqueceu o medo?
Esqueceu a dor?
Esqueceu os amigos?
Desdenhou os magos?
Riu dos profetas?
Como podes ter esquecido o medo?
Quem pode esquecer o medo?
Tantas perguntas emanando de você
Como um odor desprendendo-se do teu corpo
Duvidas... indagações que te cobrem inteira
Como tatuagens indeléveis em teu ser
E eu sinto que você não traz respostas
Não quer respostas...
Não trai respostas...
O mistério do mistério que te concebeu
E tão indefinível tão indizível e tão escuro...
Escuro como um fosso onde repousa a parada agua da eternidade
Negro como o buraco que engole astros no espaço
Sombrio... frio... E atraente...
Malditamente atraente...
Quem é você?
Maldita seja toda a aura toda a sedução que te cobre
Que te acalenta...
Quem é você?
Não ouso respostas...
Apenas trazida pela brisa em leve mantra repetido me chega à palavra...
INESCRUTAVEL.