(...) eis a questão!
Escrevo. Talvez porque necessito. Talvez por querer tanto. Talvez para alimentar um sonho, que nem todo dia é alimentado, mas que, ainda assim cresce a cada dia.
Sonho. Para não deixar que as coisas mundanas me encarcerem nessa rotina carnal a que todo homem está sujeito. Extravaso, portanto, para além do materialismo e, assim, fantasio tudo aquilo que só é possível no universo abstrato: das coisas, dos fatos, da impossibilidade.
Possibilito. Pois somente através da leitura posso viver outras vidas que não são minhas. Deliciar-me nas aventuras que não me foram possíveis e abstrair um pouco do tudo daquele que leio.
Verbalizo. A respeito da felicidade repentina e da tristeza certeira. Das adversidades que enfrento e de como a experiência delas tornam-me o que sou.
Finalizo. Encerro o discurso.
Escrevo. Não para que a leitura seja alheia, talvez, muito mais para que o meu ser a leia. Talvez para responder a mais primitiva das indagações humanas:
Quem sou eu?