Poema Vadio

Nada do que eu sei

Faz com que eu encontre

Quem tanto me procura

Quando vago por ai nessa loucura

Deixando pra trás o horizonte

Não esbarro com olhares

Perdidos de ontem

Encontro nestas praças

Olhares se procurando discretamente

Tantas conversas ao longe as bocas ficam pálidas

Não consigo distinguir as palavras

Quantos assuntos nas calçadas

Os olhares das portas janelas e cadeiras

Os comentários ás deduções

As discursões

A politica!

O ficar, o beijar, o comer!

Os escurinhos do prazer

Longe de todo olhar

Apontando você como um absurdo

Algum preconceito mudo na face

Aqui o lugar é mesmo pequeno

Pacato demais uns vivem a vida dos outros

Ate mesmo na mesa de jantar

Procuro com cuidado ás palavra e os assuntos

A velocidade dos fatos aqui é absurda

Decolam manhãs claras pelos matizes das horas

A tarde se descobre sobre as pessoas

Deixa uma parte dela junto a mim

Preenchendo uma vontade

Nego meus instintos ao crepúsculo

Se abandonando em suas luzes

Pelos últimos horizontes

O sol nascia com cuidado na curva do mudo

Em outros solos abençoados

Descobrindo todas vossas límpidas aspirações

Outros desejos, outros olhares amanhecidos.

Outros olhos procurando.

Bocas falando se comunicando

Personagens em histórias verdadeiras

A real continuação da vida que cresce com cada dia

Com cada palavra que afeta a condição de seguir

Sendo...

Um presente frágil

Envolto as capas do passado

Seguir por dentro desses olhos vasculhando tudo

Procurando sentir os sentidos

Procurando o amor da mulher amada

Que de fato venham me beijar e me arrancar arrepios

Quero uma parte de mim nas promessas do futuro

Mais não decolei ainda para lá, fico aqui no chão com os meus pés apoiados.

E os olhos atentos nos caminhos e nas pedras, nas portas no meio das paredes por onde posso entrar e sair sem me distrair.

O futuro vai se deixando ver diferentemente de como o imaginavamos

O mundo se move mais uma vez com tudo que possui

Estrelas decoram a noite infinita com suas luzes

Pelos bares se encostam os boêmios da aurora

Pedem suas bebidas tocam seus sambas

Gira a noite com as estrelas para longe se transformando em manhã

Os coveiros estão sempre cavando uma nova cova

E um dia vão encaixar você numa dessas vagas de sete palmos

E os seus sentidos serão desde já diferentes

Acorde agora mesmo e veja a bruma vadia

Ou procure ao longe outra canção

E deixe-a cantar

No pássaro.