ALVORADA A VER NAVIOS
Vejo teus olhos que velam o além,
rebuscando afoitos o apito do trem,
que leva na espreita a esperança da gente,
e deixa a lembrança cravada na mente.
Sobre as marquises a poeira acomoda,
é fora de moda a cultura reinar,
mas aos poderosos isso não incomoda,
e a cratera agiganta sem o povo notar.
Assim vão minando os sonhos da gente,
a insônia persiste e com toda razão.
A retina embaçada acorda descrente,
pegando carona nessa procissão.
Os joelhos em terra, a mente insana,
a reza profana os vestígios de crença,
pois se o coração retumbando se engana,
a alma condena o que vê e o que pensa.
Saulo Campos-Itabira MG