ALVORADA A VER NAVIOS

Vejo teus olhos que velam o além,

rebuscando afoitos o apito do trem,

que leva na espreita a esperança da gente,

e deixa a lembrança cravada na mente.

Sobre as marquises a poeira acomoda,

é fora de moda a cultura reinar,

mas aos poderosos isso não incomoda,

e a cratera agiganta sem o povo notar.

Assim vão minando os sonhos da gente,

a insônia persiste e com toda razão.

A retina embaçada acorda descrente,

pegando carona nessa procissão.

Os joelhos em terra, a mente insana,

a reza profana os vestígios de crença,

pois se o coração retumbando se engana,

a alma condena o que vê e o que pensa.

Saulo Campos-Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 03/10/2012
Código do texto: T3913987
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