todas as minhas mortes
às vezes eu morro
silenciosamente
atravessando o sinal
aberto
afogado em meu medo
crucificado no asfalto
às vezes eu morro
aos berros
nas raves nas dances nos restaurantes de classe(esses guetos inversos)
e nos botecos
engasgado com os acordes dissonantes com os canapés de caviar
ou com os pasteis de vento
entre os vários goles de amargura e tequila
nos coquetéis que assaltam
minha goela
às vezes eu morro em casa
entre lembranças ácidas
solidões adocicadas
e diálogos que azedam
a convivência diária noturna
entre eu mesmo e as diversas personagens que eu visto e descarto
entre o ser que eu sou em mim e o ser meu também nos outros
mas quando escrevo poesia ressuscito
com meu rosto e com o rosto
de todos a quem amo