Solidão

Solidão...

Os relógios dormitam

O soar triste dos sinos

geme no ar junto à lua

redonda

No beiral da noite

a noite recém-cravada

se destende pelo quarto

As sombras desenham

punhais e cansaços

A madrugada chora

sua ilusória realidade

soçobrada

Os grilos cricrilam

mordendo a inquietude

indecisa da iniqüidade

A infinda incerteza

ajaeza de penumbras

a insônia da página

que me escreve

Lamento o vazio da vida

O eco inelutável do

silêncio

O momento molhado

pela lágrima e pela

ausência da palavra

Choro as ternuras

e as eternidades das

noites e dos ventos

e do medo da vida