MEU MUNDO DE TRÁS DE UM BALCÃO
MEU MUNDO DE TRÁS DE UM BALCÃO
Meu mundo de trás de um balcão era meio sem graça, via a rua quinze de novembro agitada, via carros para a esquerda, via carros para a direita.
Meu mundo de trás de um balcão era composto de sim senhor e sim senhora, o que mais deseja e cheio de, por favor, e de obrigados.
Meu mundo de trás de um balcão tinha nome de medicamentos esquisito, tinha perfumaria, tinha bijuteria e também tinha às vezes um “causo” perdido.
Meu mundo de trás de um balcão tinha a minha infância sem parquinho, sem travessura na rua e sem as ilusões de muitas crianças.
Meu mundo de trás de um balcão teve aplicação de injeção, mensuração de pressão, passar pano no chão e muita remarcação em época de inflação.
Meu mundo de trás de um balcão teve livros lidos escondido, teve poesias escritas em pedaços de papel e desenhos riscados com a caneta do balcão.
Meu mundo de trás de um balcão também teve paixão, mas ela me olhava como bicho esquisito, pois ninguém trabalhava naquela época.
Meu mundo de trás de um balcão na época eu odiava, mas hoje olhando para trás com olhos de ancião vejo que ele me serviu de lição.
André Zanarella 19-02-2012
(referencia da minha infância trabalhei numa farmácia dos seis as dezessete anos)