Dígrafos

Na chuva cheira

Chove o choro dos chauvinistas

E escorre o escarro dos esquecidos.

Às águas entornadas no céu

Misturam-se ao sal do sol.

Algumas orquídeas amarelas

E algumas sinfonias holandesas,

Lampejos, estrondos, espirros... Vozes.

No alto de uma muralha asteca

É possível ouvir o som de cada gotícula

Que se desprende da nebulosa.

Numa chuva densa,

A dança das palavras

Provoca a alquimia das letras.

Chuva de tinta em solo pautado,

Escancarando os encontros e desencontros

Dos seres indomáveis com seus sentidos.

Felipe Melo
Enviado por Felipe Melo em 10/02/2005
Código do texto: T3909