Primitivo

Sinto que padeço inexoravelmente (se é que esta palavra existe)

Deste mal insano; adultez.

Fui corrompido através do tempo

por palavras

sonhos inalcançados

amor.

Frases jogadas sem dó no vento, tarde.

Recolhi conchas num mar de enganos

Por tempo demais.

Estou perdido!

Não existe mais uma única grama de humanidade.

Traços forjados,

remake de antigos sonetos e bares.

Uma bebida, por favor!

O garçom me olha:

Uma cerveja então!

Ainda estou sentado neste bar sem conseguir molhar a garganta e

já nem quero mais tê-la!

A garganta.

Serei Frederico Evandro!

Viverei num filme,

acenderei velas todos os dias

para cada palavra tosquiada

deste adulto livro adultero.

Adultero a idade que deveria ter.

Quero fósseis linguísticos no café da manhã

em suas primeiras formas e vozes

transpirando o grande poema

de palavras despidas.

O início de barro e dó.

Gauto
Enviado por Gauto em 30/09/2012
Código do texto: T3908843
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