são gritos...

entre as letras

e o pão que fermenta

minha mente fervilha

cá estou eu, louca

farejando meus pares

caçando minha matilha

o pão deitado na mesa

jaz como o corpo de Cristo

à espera de ser ao forno levado

depois do seu longo martírio,

ele, nos homens,

não acredita

as letras, já eu, disse,

são como mulheres vadias

oferencem-se por um rabisco,

quem dá mais? por um sorriso?

entregam-se com volúpia aos dedos

abençoados ou proscritos...

santa escrita,

santo pão

santos, são...

mal ditos, malditos

sanscritos em mãos

ambos em coitos

saciam homens

nem sempre com fome...

o vômito inevitável

vem rasgando a garganta

a massa do pão disforme

os versos de letras tortas

estrebucham-se no chão

aflitos, em um aborto

aos gritos, em vida

celebram, a morte...

Almma
Enviado por Almma em 29/09/2012
Reeditado em 29/09/2012
Código do texto: T3908107
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