Habito a Noite

Quanto mais habito a noite,

mais íntimo fico das estrelas.

A umidade da grana

penetrando meus pés,

o silêncio, a lua,

o bêbado que passa,

grita ao vento sua lamúria

e faz seu ritual, leva a garrafa a boca

e encharca a alma.

E as estrelas, com seu silêncio e brilho intenso,

apenas admiram e lentamente delas aproximo-me,

tornando-me mais íntimo.

Amo o que tenho,

amo o que perdi.

Não sou mais um bêbado,

mas um que sonha,

foge da solidão medonha

e no brilho das estrelas

encontra sua paz.

Logo o dia vai raiar,

a solidão das ruas irá retornar,

nada mais será gratuito.

Não há encontros,

apenas escombros.

Eu me recolho e espero a noite.

O silêncio, ver o bêbado,

o orvalho e acompanhado

pelas estrelas...

Rafael Razador
Enviado por Rafael Razador em 29/09/2012
Código do texto: T3907505
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