Habito a Noite
Quanto mais habito a noite,
mais íntimo fico das estrelas.
A umidade da grana
penetrando meus pés,
o silêncio, a lua,
o bêbado que passa,
grita ao vento sua lamúria
e faz seu ritual, leva a garrafa a boca
e encharca a alma.
E as estrelas, com seu silêncio e brilho intenso,
apenas admiram e lentamente delas aproximo-me,
tornando-me mais íntimo.
Amo o que tenho,
amo o que perdi.
Não sou mais um bêbado,
mas um que sonha,
foge da solidão medonha
e no brilho das estrelas
encontra sua paz.
Logo o dia vai raiar,
a solidão das ruas irá retornar,
nada mais será gratuito.
Não há encontros,
apenas escombros.
Eu me recolho e espero a noite.
O silêncio, ver o bêbado,
o orvalho e acompanhado
pelas estrelas...