O poeta

O poeta é de bronze.

Rígido, aparentemente rígido.

Sentado, uma perna sobre a outra,

um texto sobre elas.

O poeta escreve ou lê?

Não posso ver,

assim como não vejo sua face metálica.

Talvez faça as duas coisas

ao mesmo tempo:

lê e escreve, ou seja,

copia.

Copia o que já está, de alguma forma,

escrito em algum lugar.

Dentro de si, no mundo, na existência.

O poeta é apenas aparentemente rígido,

e quando um sopro o alcança,

o poeta vive,

e o poema acontece.