Papel branco d`água
Libertar-me dos sofrimentos
Palavras que entram na alma
Altivez inexcedível de encantamentos
Doce ósculo das auréolas encarnadas
Voo nas nuvens, afável deleite
Cintila no ser um augusto terno amor
Que expunge a palavra e escraviza a fantasia
Embrenha-me na ironia das letras
Mas a existência começa do nada
Bailam numa maestria harmoniosa
Um livro de páginas caladas
Cada um tem seu estilo
Uns loucos, devaneios alienados
Outros, transformam-se
Em seres alucinados
É deixar uma marca
Indelével sutileza
Papel branco d’água
Que abala a tristeza
E purifica a alma
Dilacera e limpa
É a voz que reclama
Da vida em tinta
Amar sem compaixão
E espalhar o vento ao beijo
Esvaziar a mente à libertação
Dissipar-se na fonte do desejo
Para insculpir à vida do nada
Num papel branco d’água.