NÃO VEJO PAISAGENS

Não há mais uma paisagem para se ver

Através da janela não vejo nem mesmo um deserto

Linha branca

Terra vazia

É o nada

Não há mais nenhum motivo para seguir

Perseguir metas...

Buscar pessoas...

Tudo tão inútil

Tão desgastante...

Não faz sentido

Eu quero montanhas onde a sombra fria da floresta me oculte

Quero vales tão distantes e inacessíveis que o mundo os esqueceu

Quero trevas arcaicas e absolutas onde a luz e mera vontade inalcançável

Estou cansado...

E não há paisagens na minha janela

Não vejo o sol que fugiu daqui quando a manhã começou

Não vejo o céu que se tingiu de uma alguma cor impossível para que eu não pudesse velo

Não vejo o mar...

Oh mar o que foi feito de você?

Não éramos amigos?

Não era a você que eu confessava meus segredos?

Entregava meus temores...

Por que tua visão agora me é negada?

Por que sinto que ver você não mudaria esta coisa que me esmaga o peito?

Estou só no mundo habitado...

Milhões me cercam e não vejo ninguém

Não sou visto...

Hoje não há paisagem em minha janela

Não há brisa ou vento

Não há arvores... nem mesmo há folhas

Sem latidos

Sem gemidos

Sem vozes

Há somente eu

Somente a janela

E a certeza de que minha ultima ilusão rompeu-se

Para sempre.