Poema da incógnita.
POEMA DA INCÓGNITA.
Honorato Ribeiro dos Santos.
Eu nasci depois do dilúvio,
Vivia eu dormindo em berço d`ouro,
Mas os grilhões dos bravos corsários
Ignoravam o meu ser tão verde louro!
De olhos firmes para o infinito rasgavam mares,
As caravelas dos descobridores dos reis mouros.
Do Velho Mundo eu era “o Grande Mostro”,
Que tinham medo os navegadores
Eu era feliz, quando pensavam assim...
Pois os nativos viviam em esplendores!
Em paz vivia eu isento dos civilizados
E os brancos trouxeram o caos! Que tantas dores!
Até que um dia os mares se abriram!
Mataram os Monstros, ingênuos pensadores;
Fizeram guerra aos donos da terra,
A paz roubada pelos navegadores;
A monarquia ao ouro foi sua ambição
Em nome de Deus ergueram a cruz com desamores.
O ódio, a morte, usaram a violência,
Foi esse o germe dos lusitanos em terror!
A coroa imperial lá do Velho Mundo
Aos filhos natos a espada traspassou,
Muitos heróis juntos a Tiradentes tombaram
Na defesa de minha vida morreram por amor!
Outros heróis dos nativos surgiram
Na defesa de meu solo tão cobiçado;
Cai a coroa, toma a farda, que ilusão!
Por um presidencialismo mal arrumado!
Mas o sangue dos heróis corre nas veias
De Conselheiro, de Zumbi assassinaram...
“Não serei decepcionado prefiro morrer”!
Diz o Velinho do Catete, é o herói dessa história.
Outros quiseram e tentaram imitá-lo
Fugiram deixando-me no Catete sem glória
De uma “Babel” sem líder a pegar fogo
E os bombeiros tentaram salvar-me sem vitória!
Hoje sou entre muitos do Terceiro Mundo
Onde as coleiras são trocadas em vão
Pois os “Lamarcas” da história são fuzilados
Pelos “Anões” que não amam essa Nação!
Não há política, mas partidarismo de poder
Que pleiteiam empreguismo sem servidão.
Os matemáticos da Grécia, grandes sábios!
Procuram em vão a incógnita da situação,
Também clérigos, laicatos e teólogos
Deram uma nova Teologia de Libertação,
Desde o apedeuta, filósofos e doutos;
Muitos tombaram juntos a Lamarca, o capitão.
Sangue que sangra nas veias utópicas
Com suas quimeras do ontem, que situação!
Não são diferentes dos de ontem tão sonhados
Que de quimeras procuram viver em vão...
Que tantos de longe ficaram taciturnos e exilados
Por querer defender sua Pátria, sua Nação!
As nossas riquezas foram privatizadas
E entregue a multinacional, aos estrangeiros
O desemprego em massa vira droga;
Que é bandido, de farda ou de dinheiro
Mas todos buscam a sua própria cidadania
Mas canta o “Gomes” o seu regge verdadeiro.
O Seixas morre e Geraldo Vandré se cala...
“Por que não falar das flores” aos caciques?
Os conservadores que vestem a batina
São capelães do Exército e dos chiques...
Mas o “Boff” ensina nova doutrina
Contra o sistema montado dos “fantoches Mickey.”
Ontem Lusitanos, hoje, americanos com forte dólar.
Refina-se o petróleo em bruto tão barato...
Em cada bomba vive o real caindo à toa
E o acordão na mesa do café é controlado,
Comendo o queijo a viverem de pança cheia
E os Nordestinos de água na boca esperando calado!
Ouviram do Ipiranga, hoje é dado o peixe,
Não há mais brado retumbante, mas enganação...
Culpam a seca, o analfabetismo, e a pobreza
E grita a guita de um “Brasil Carinhoso”, eis a solução!
É um sistema ingrato, malvado sem democracia...
De uma política selvagem de escândalo do Mensalão.
Os caciques se multiplicam cada vez mais
E Ruy Barbosa há muito já profetizou:
“Rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”
Quem não ama o povo corrupto se consagrou.
Ficaram cegos com o ouro da “Serra Pelada”
E entre eles o bolo da copa em fatia cicatrizou.
Povo alegre de futebol, samba e carnaval
Onde os orixás da mistificação fazem oração
Pra ver se a sorte do Velho Chico, Pai e arrimo
Onde de tão rico vê a seca do povo do Sertão.
E cadê Chico Mendes que não mais ressuscita!?
Que deu sua vida por amor a essa Nação?!
Quem vai achar essa incógnita tão difícil?
Qual matemático erudito irá achar?
Pois é bem montado esse sistema absurdo
Que tem uma mídia tão falada a marchar...
A internet e o facebook, que maravilha!
Mas a cultura se engatinha para se acomodar.
Agora o Chico é culpado por toda seca
Querem fazer transposição sem calcular
Põe-se a culpa em São Pedro lá no céu!
Que crendice de um sincretismo secular!
Desmatam as matas e depredam sem dor
E a pobre freira, a irmã, a se lamentar...
Não há política carcerária no Brasil!
Não há escolas educativas para recuperação!
Transformam em monstros e desumanizam
Há amontoados dos navios negreiros! Que bela ação!
E o povo paga para enjaular nessa Nação
Quem rouba e matam sem ter cultura é exclusão.
Findo essa história triste que não encontrei
A incógnita eu não a vi tal solução,
O povo sofre em prisão domiciliar
E os que mandam têm total proteção.
O povo é quem paga segurança para eles
E o povo de marmita com arroz e feijão.
Viva o povo dessa Nação que não
Encontrou a incógnita, mas vota
Sem direito de saber quem é quem
De ficha limpa ou de dinheiro na bota.
hagaribeiro.