O Calado
A amargura de coisas incompletas
Não satisfez o lado calado
Do calado homem deslocado
Feito pó por tiros de palavras
Que penetram e ferem
Estraçalham seu espírito
O silêncio das palavras não ditas
Falou mais alto
E saciou a fome do mal
Contrito era o homem
Encolhendo mais e mais
Optando por não optar
Silenciando seu louco desejo
Partes de insana mente
Que não faz
Fazendo mais que tinha que fazer
Falando mais que tinha que falar
O homem era silêncio
E do silêncio dependia sua existência
No silêncio ele vivia
Silêncio gritante!
Silêncio angustiante!
Cala-te silêncio!
O homem lutou
O homem sofreu
O homem calou o homem que era silêncio
Silêncio que se calou.
CARLOS CRUZ - 12/03/1988