[Às 15h30 da Tarde]
Às 15h30 da tarde, pela milionésima vez,
eu torno a descobrir que nunca,
nunca mais eu hei de ouvir chegar o padeiro.
Às 15h30 da tarde eu me sei triste assim...
Às 15h30 da tarde, a vida pode partir
de mim — e que não restem traços!
Às 15h30 da tarde, eu me espanto
como este meu leve sorriso amarelo
para a bela balconista da farmácia —
eu sorrio sim... mas só por descuido!
Às 15h30 da tarde, pela milionésima vez,
eu torno a concluir pela Razão —
prefiro mais o chumbo da análise
à da leveza das asas do sorriso!
Às 15h30 da tarde, exatamente
às 15h30, se eu pudesse, eu puxaria o gatilho
daquela bomba nuclear
que eu falhei em produzir.
[Apenas se eu pudesse!]
Às 1530 da tarde, eu concluo
que devo aprender a morrer... só!
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[Desterro, 25 de setembro de 2012]