S O M B R A S
Vejo imagens desfiguradas contemplando
o nada, tal qual autômatos sem rumo.
Ouço o som estridente de seus gritos,
percebo lágrimas em rostos enegrecidos.
São seres humanos, ou quase humanos,
semblantes de tristeza em corpos envelhecidos.
Não sei se o que vejo é real, talvez esteja
eu mergulhado em pesadelo horripilante,
somente aguardando o momento do despertar,
perturbado por esses trapos de gente a desfilar.
Mal os vejo, vislumbro apenas sombras
emitindo sons, talvez grunhidos de loucura,
seguindo em cortejo fúnebre até certa altura,
onde se confundem com o fogo em labaredas.
Sombras que imagino não existirem,
acreditando serem emanações do meu cérebro,
frustrações guardadas por longo tempo em mim
sendo evacuadas como imagens de sofrimento assim.
Me deixem acordar, sombras malditas!
Não quero lembrá-las quando chegar o amanhecer,
não quero pensar em nada que me faça sofrer.
Quero esquecer esse pesadelo de sombras
que sei que existem em algum lugar qualquer,
quero a paz e o descanso e alegria se a mim vier.