Acrobata
Acrobata
em transe
de olhos vendados
sobre a linha
percorro o vácuo
entre uma margem e outra.
Uma sílaba por vez
uma sílaba por vez
sem perder o pé do verso
pela corda do poema.
Há um abismo
estonteante
entre o título e o desfecho
- a corda, a corda, a corda...
A corda oscila
atingida por rajadas
de vocábulos febris.
Uma sílaba por vez
uma sílaba por vez
sem perder o pé do verso
nem cair no trocadilho.
Não se pode errar o passo
e perder o equilíbrio.
O poema é um trajeto
entre encostas escarpadas.
É preciso estar atento
e andar, ao pé da letra,
sobre a linha da poesia.