O POEMA PERDIDO

Vou tentar reescrever um poema perdido,

Havia nascido pelo branco, parido da lua,

Talvez pelo lilás forte da orquídea parasita,

Talvez pela rima, que fraca, tanto o limita.

Encantar as palavras, convulsões lançadas,

Revitalizar a arquitetura gasta da minha paz,

Talvez numa casta imagem que em si desfaz,

Talvez torpes lembranças, estrofes abusadas.

Os versos são feras velozes imitando a vida,

Filhos da saudade, do tempo e da despedida,

Talvez o solitário triângulo da alma pequena,

Talvez o perfil decorado da sombra obscena.

Nasceu outro, muito pior, mais cru em tudo,

Afundado nas células das entranhas, mudo,

Talvez o nascimento prematuro da emoção,

Talvez, liberto da perda é pior se ter vivido.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 25/09/2012
Reeditado em 25/09/2012
Código do texto: T3900429
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.