O POEMA PERDIDO
Vou tentar reescrever um poema perdido,
Havia nascido pelo branco, parido da lua,
Talvez pelo lilás forte da orquídea parasita,
Talvez pela rima, que fraca, tanto o limita.
Encantar as palavras, convulsões lançadas,
Revitalizar a arquitetura gasta da minha paz,
Talvez numa casta imagem que em si desfaz,
Talvez torpes lembranças, estrofes abusadas.
Os versos são feras velozes imitando a vida,
Filhos da saudade, do tempo e da despedida,
Talvez o solitário triângulo da alma pequena,
Talvez o perfil decorado da sombra obscena.
Nasceu outro, muito pior, mais cru em tudo,
Afundado nas células das entranhas, mudo,
Talvez o nascimento prematuro da emoção,
Talvez, liberto da perda é pior se ter vivido.