A ASA DO FUTURO

O pássaro rufla entre ramas.

Alça-se ágil no espesso de folhas.

Sopra a natureza extremada:

canto e asas.

Imagina-se o cérebro humano assim

– álacre –

sobre o tapete

das experimentações.

Curva-se a Providência

aos desígnios de criado e criador.

Palavras no poema são pássaros

desacomodados de mundo e fatos.

Subtraem-se os pássaros-neurônios:

asas batendo no véu das insatisfações.

O absurdo comete o poema:

mala sem alças, impossível de carregar.

Somente o vício de saber-se sacrílego.

O ritmo é agonia – a asa do futuro.

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/3900365