NADA NA CIDADE

Não há véus na cidade esta noite

Nenhum segredo se esgueira nas trevas dos becos

Os mistérios voltaram para casa mais cedo

Tudo e penumbra vazia e luz irregular

Na sarjeta assovia o bêbado uma triste melodia

Nas lixeiras cães velhos como o tempo disputam banquetes esquecidos

Abandonados...

Nas janelas não há rostos...

A curiosidade foi para a cama antes do tele jornal

A nevoa hoje não veio...

A lua não testemunha nada...

Não há nada...

A cidade adormece em silencio

O transito morreu antes das 18 horas

O guarda foi embora apressado

De lugar algum...

Em lugar nenhum...

Não há nada esta noite

Só crepúsculo e silencio

A cidade morreu

As pessoas instintivamente esquecem...

Ignoram...

E dormem.