Nossas NOITES. Onde jogastes?
Onde jogastes nossas noites
Longas ou curtas
Mas plenificadas em prazeres
Por vezes silentes,
Ou entremeadas de poéticos dizeres
Quando não por gritos ruidosos -
Essas culminâncias de extremos gozosos...?
Para onde levastes as noites
Vividas com lânguido e terno
Desfiar de juras de amor eterno,
Em meio ao entrelaçar de corpos
Aquecidos em fogo brando
Ou abrasivo, queimando?
Noites em líquidos regadas
Mas dispensando copos
(ah! inesquecíveis jornadas)
Pois vinha de nossos corpos
O que molhava aquelas noites
E as carnes de nós dois.
O que fizestes, pois
Daquelas noites
Que nem sabíamos se enluaradas
Ou em trevas
Imersas,
Se dávamos por ignoradas
Ocorrências lá fora passadas,
Nunca importando se às escuras ou iluminadas
Estavam as ruas, pessoas e casas,
Sempre que envolvidos em volúpias indomadas?
Noites em que igualmente
Para ambos era indiferente
Se caía chuva ou faltava água
Pois em nós nos embebíamos
E mágicas fazíamos:
Salina umidade em açúcar deságua!
Que destino
Destes àquelas noites
Quando, em pressuposto desatino
Sem qualquer aviso te fostes?
Por quais bocas passeia
A língua pela qual a minha até hoje anseia?
Ao menos gostaria de saber
Sem outras perguntas fazer:
Onde jogastes nossas noites,
Depois do instante em que te fostes?