Nossas NOITES. Onde jogastes?

Onde jogastes nossas noites

Longas ou curtas

Mas plenificadas em prazeres

Por vezes silentes,

Ou entremeadas de poéticos dizeres

Quando não por gritos ruidosos -

Essas culminâncias de extremos gozosos...?

Para onde levastes as noites

Vividas com lânguido e terno

Desfiar de juras de amor eterno,

Em meio ao entrelaçar de corpos

Aquecidos em fogo brando

Ou abrasivo, queimando?

Noites em líquidos regadas

Mas dispensando copos

(ah! inesquecíveis jornadas)

Pois vinha de nossos corpos

O que molhava aquelas noites

E as carnes de nós dois.

O que fizestes, pois

Daquelas noites

Que nem sabíamos se enluaradas

Ou em trevas

Imersas,

Se dávamos por ignoradas

Ocorrências lá fora passadas,

Nunca importando se às escuras ou iluminadas

Estavam as ruas, pessoas e casas,

Sempre que envolvidos em volúpias indomadas?

Noites em que igualmente

Para ambos era indiferente

Se caía chuva ou faltava água

Pois em nós nos embebíamos

E mágicas fazíamos:

Salina umidade em açúcar deságua!

Que destino

Destes àquelas noites

Quando, em pressuposto desatino

Sem qualquer aviso te fostes?

Por quais bocas passeia

A língua pela qual a minha até hoje anseia?

Ao menos gostaria de saber

Sem outras perguntas fazer:

Onde jogastes nossas noites,

Depois do instante em que te fostes?

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 24/09/2012
Reeditado em 25/09/2012
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