CONFORMIDADE

Ninguém sabe quantas vezes

(Ela acostumou-se a esquecer)

O espetáculo durante o dia

contemplando o futuro

que se prometia.

Nenhum passado

a perder.

Prender.

Ela acostumou-se a sorrir

soterrada por mais um dia

mais uma semana

sem saber o tempo

segurar.

Ela acostumou-se a permitir

a descer e obedecer

a direção do vento

lento.

O espelho confirma

sua ausência

transparência.

Ela acostumou-se a chorar

perdida no silêncio

de quem parece

desaparecer

esquecida.