TRAJETÓRIA SONOLENTA

Debruçada sobre minha inquietação,

colhi flores no jardim alheio.

Bebi cicuta adoçada com mel,

reparti versos de uma canção completa

e me vi inteira quando me achava pela metade.

Roubei a maior estrela, segui o rastro do vaga lume,

me enforquei com as linhas que costuram o poema,

me vi só em meio a multidão

e fiz da minha sombra, companheira.

Ouvi sermão com o ouvido ensurdecido,

andei na corda bamba já sem pés e sem apoio,

bebi o sol da madrugada que me visita as escondidas

e voei feito pássaro de gaiola sem sair do lugar.

Fiz da inquietação o lugar de agora

e da insanidade, a trajetória lógica e possível,

dando de cara comigo nas esquinas vazias,

nos lugares infindos por onde voo e passeio

sem deixar vestígios.

E nos relógios da lua, vigio o meu tempo,

seguindo sempre adiante com os olhos no infinito

e no embalo doce do vento...

Aninha viola
Enviado por Aninha viola em 24/09/2012
Reeditado em 12/05/2013
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