Mar de sangue

Um de dois

Um ou outro

Ambos, qualquer

Um dia vai ser morto

São tantas vidas perdidas

Por balas achadas

Nos becos, nas estradas das favelas isoladas

Mãe chora

Perde a cria

Só tinha uma

Levou bala

Em plena rua

Nossas mães devido às circunstancias

Só estão certas de uma coisa,

Quando acabam de dar a luz a um filho

Já está pronta pra perdê-lo

Realidade nua e crua

Soma com a fome

Resultado: Vida puta

Crianças virando prostitutas

Daqui a uns dias elas somem

E vem uns e outros dizer que isso é normal!?

Povo grande

Gente maior ainda alimentando o trafico

E quem morre?

Adivinha?

NOSSAS CRIANÇAS

Crianças pretas

Pobres e tristes

Elas não vivem... SOBREVIVEM

Não sabem se vão amanhecer vivas

Ou se vão morrer ao amanhecer

Devido ao sistema

Almas feridas pelas críticas

O menino é forçado

A se submeter

A vida bandida

E ainda são adjetivados: “é favelado”

“vagabundo”

“pobre burro”

“preto imundo”

Os “homens”

Baixam nas favelas

O rubro negro

E o mar de sangue

Se revela

Mar de sangue

Criança quieta

Mar de sangue

É no subúrbio e na favela.

Maisha Mandisa
Enviado por Maisha Mandisa em 23/09/2012
Código do texto: T3897541
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