TEMPO DE ESQUECER O TEMPO
Vivendo deste novo encanto
Eu canto em frente ao firmamento
Depois de confiar no tempo
Já era tempo de não crê-lo tanto.
“Mas veja, dê um tempo ao tempo...”
Basta de tantos tempos!
Só me importa a concretude
E o sopro de novos ventos
Derreterei feito Dali meus relógios
Ponteiros só do meu apontamento...
...dos dedos, que se postam retos
Dos olhos, que me dão alento
Invento
Desculpas à apatia,
Remédios da agonia,
Distantes desse momento.
Na soleira da janela
Acompanho a cidadela,
Que se move, e como move
Sob o olhar da sentinela.
Debaixo deste teto
Mora o lapso tormento
Na mente do frágil escravo...
...do senhor, de nome tempo.
Delonga aniquilante
Distante, vociferava
“Ofensa!”, bradava Cronos
“Como pode libertar-se?”
Dos pedaços dos grilhões
Novo sonhador renasce.
Sobre a ilusão do passamento
Resta só leve lembrança
Cansado de aguardar cura
Faço-me a própria mudança:
Sedento, fugi da fuga
Enfim, fundei coragem
Miragem, já não se via
Sorria: a nova imagem.