Ausência

Ouço na tarde o oscilar

lento do tempo

O silêncio ilumina

e arde na quietude da espera

O vento vela o sono

de um céu onde nuvens branquinhas

caminham pelo tapete dourado

que a tarde deixa no céu

O mar vem no segredo das vagas

que molham de sal e de lágrimas

os meu olhos

Folhas balouçam das árvores

As flores apascentam

o mistério das cores

É primavera

O pássaro voa

levando gravetos para o ninho

O rio soluça amalgamado

às margens, que o reprimem

A tarde vai se imiscuindo aos morros

O sol descreve um arco

refletindo-se nas águas do rio,

dourado como a tarde e os ventos

que sopram acalentando sonhos

e as flores noturnas da solidão

A vida se desvela como em tantas

outras tardes

Como em tantas outras épocas

Não obstante,

tudo é ausência