ESTA MULHER

Esta mulher que, eternamente
,
me chega com a primavera
e parte no outono
(e sempre parte e sempre volta)
esta mulher que não sei o que sente,
que ainda me deixa sem sono
e se arrisca ao dizer que me ama,
depois me magoa e se solta
pelo mundo, como se o que era
já não mais possa ser...

Esta mulher, que no dia seguinte
me leva prá cama
e desaparece no bolero do amanhecer.

Esta mulher ainda me enlouquece,
do jeito como estou, a meio caminho.
Deu-me filhos, deu-me tristezas,
quando raivosa, finge que esquece.
Vive louca, plena de incertezas,
perde-se na eventualidade de um carinho,
resiste numa poderosa sina,
ama o verso, a poesia e se nega
à essência. Permitida, termina
só. É ela feito o que não é,
nem nunca foi, mas morre em pé.

Esta mulher, de tantos rostos e desgostos,
amarei descuidadamente
por toda a vida.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 21/09/2012
Reeditado em 24/09/2012
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