POESIA EM PENCAS
A poesia é um pomar
de sumo farto
de semente fácil
de solo fértil
há poemas-abacate
amanteigados
há poemas-pêssego
aveludados
há poemas-goiaba
cheirosos
há poemas-uva
que vêm em cachos
versos dependurados
redondos
há poemas-jaca
enormes
melados
há poemas-morango
com forma de coração
mas lembrando lábios
carnudos
há poemas-pinha
com gosto de pão
de versos colados
miúdos
E há um homem ali
sentado
debaixo da copa
de boca manchada
se empanturrando de polpas
germinadas na cabeça-terra
do poeta
floridas em páginas-galhos
de rascunhos
maturadas nas folhas-frutos
de um livro
que pende das mãos lambuzadas
daquele homem ali
no tronco encostado
esfomeado
que espreme o suco
mastiga os versos
e alimenta a alma