Nunca mais o amor teve onze anos

Saudade...

Velha pousada para antigos sonhos

doces amores

o corpo delicado de Pingo

tão ingênuo o amor

o beijo, assim, demorado

nossa infância sem relógio

só o beijo a nos dizer

da pureza e da impermanência do tempo

o desencontro das tardes

o infinito dos dias

molhando nossos corpos

e nossos segredos consumidos

na saliva

pela pele

onde eu traçava tuas rotas

com a ponta dos meus dedos

carícias

eternas de um acalanto...

devagar

desenhando arabescos no ventre de Pingo

meneios de suores a fugir para um céu

um Paraíso

boca

vulva

a vida: beijo esquecido entre sussurros

cálidos

inocentes soluços

de um gozo escondido em pétalas

nos lábios da flor túrgida de mel

inventando a morte imanente

o amor morrendo em completude

junto com as estrelas

da noite pequenina

com duas estrelinhas lá fora:

a minha

e a de Pingo

nunca mais o amor teve onze anos...

nunca mais!!!