Ana Maria

Seu olhar corria os móveis

desde o quintal ao terraço.

Ana Maria almejava a luz

que despisse os detalhes

dos desejos que ela tinha

guardados a sete chaves.

“A casa ta uma bagunça!

tenho logo de limpá-la”

Ana Maria com a vassoura

varria o piso da morada

buscando nas impurezas

o pôr-lhes fim de imediato

Na parede, fotografias

algumas amareladas,

pareciam dizer um tempo

em sorrisos registrados.

Ana Maria via as fotos

com os olhos prosternados.

“Mas Jesus, quanta bagunça!

É poeira em todo lado!”

Ana Maria não se sustém

ante os quadros empoeirados,

tampavam a luz que queria

plenamente projetada

“Eu to ficando é doida!”

Disse com o olhar em lágrimas.

Ana Maria não entendia

o porquê do que buscava.

Talvez porque em sua nudez

O branco nada ocultava.

Ou porque as velhas cortinas

tampavam a luz da sala.