A INFAME DESPEDIDA
Convencido agora estou de que partistes,
Só preciso entender o sabor de nos deixares tristes
A mim e aos pedaços deste eu há muito esmagado
Por constantes partidas das quais sempre retornavas
E que em voltando esperança fomentavas
De que era a última, restando o ciclo de idas enfim já terminado.
Como vestígio, de concreto, em absoluto, nada
Deixastes aqui para que sempre sejas lembrada
Por nós que degustamos o travo da ausência tua:
Calcinha suja, nasal meleca endurecida
Tira de papel com adeus de suicida
Ou foto gasta para a qual posastes nua.
Nem a letra da canção emitida com tua voz desentonada
Que não aprendi porque toda vez que ouvia aquela toada
Tapava eu os ouvidos ou, de pronto a correr saía...
Tuas impressões digitais pela casa inteira pesquisei
Apagastes todas, delas nem vestígios encontrei
Que faremos nós, eu e meus restos no extremo da agonia?
As farpas que certa vez no colchão deixastes
Voltadas para cima como perfurantes hastes
Previamente em venenosa substância mergulhadas
Para que eu, espetado, por imediata morte fosse abatido,
Nem elas encontrei e se não houvessem sumido
Eu introduziria, para minhas carnes serem afinal assassinadas.
Imagino-te agora rindo em altissonante gargalhada
A se comprazer com a dor que sinto, Oh! debochada!
Portando-se como sempre foi de teu feitio:
Arrebatando o que achavas ser de exclusivo direito teu
O que, afinal, representava tudo e me negando o que era meu
Um mínimo afeto...mas, faz de retorno o caminho, que EU TE ACARICIO!