Pertencimento
“... como o guarda espera a aurora”
Eu também espero a primeira luz
Eu também espero a graça da palavra
E a esperarei enquanto houver de Deus um sopro em mim
“... como o guarda espera a aurora”
Quero respirar a luz do sol que lentamente se encaminha
Abre as nuvens, pontua as asas das joaninhas
Abre o bico das rolinhas
Esquenta os ninhos
“... como o guarda espera a aurora”
Sinto no rosto o vento de teu perfume carregado
A chuva molhando as gramíneas
As palhas dos coqueiros na praia se espreguiçando
De noite a lua bem redonda a tela do céu desvirginando
E a promessa do silêncio dizendo
Descansa, criatura
Fecha tua janela
Que o azulado da madrugada
Pertence a ela