Ingratidão

Minha barriga dói

Porque lá no fundo

Tem um morto enterrado

Uma vida rasgada, desleixada,

Tem uma sombra, uma tumba

Negra, uma casa esvaziada,

E a vontade de não sentir

Esse gosto de Claudete,

Essa solidão que sai das

Veias de claudete...

Uma triste agonia preservada...

Na minha barriga sobreviver uma

Velha de óculos, enrugada,

Arteiramente desobrigada..

uma cidade estéril e uma guerra muda

Calada. Assustada..

Um canil de porco,

Um chiqueiro de cão

Um curral de homens...

Uma casa muito triste:

ingratidão...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 16/09/2012
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