Ócio com eco.
 
Digo:
 
Arde-me o infecundo espírito,
Desespero-me, não há o porvir!
Mato o escorrer do tempo, desisto,
Meu ócio me mata o existir.
 
O eco:
 
Reza, com força divinal,
Trabalha, como fizestes outrora,
Espera crescer o agora germinal,
É simples, ora et labora.
 
Digo:
 
Entendo o que agora me dizes,
Porém, poderei assim o fazer?
O ócio retirou meus vernizes,
Única proteção deste mísero ser.
 
Ouço:
 
Escusas! Ouço-as em demasia.
Creia, faça teu caminho agora,
Falo-te isto, não é erronia,
Tão simples, ora et labora!
 
Pare, nada mais me digas,
Vá, e cumpra o aconselhado,
Descobrirás a beleza da vida,
E que teu novo ócio, consubstanciado,
Não será teu algoz, tua agonia.