Extrema
Extrema
Sinto a extrema necessidade de decompor-me
separar meus pedaços podres
meus miúdos, meus miolos
Meus amores de sonhos adornados
As partes pequenas das fantasias
e a melodia que deixei na partitura amarrotada
e não compôs o meu desejo
nem a minha tardia rebeldia.
Sinto a extrema necessidade de decompor-me
Esmiuçar os meus segredos
Calçar meus velhos sapatos
Constatar minhas medidas
Eu sinto os meus extremos colidirem
Carne e alma digladiam-se
Anseiam sorrisos, esquecem faces
Se revezam em golpes férreos
me cortando aqui por dentro
E eu sou cortada ao vento,
ao mesmo tempo sou espada
meus pensamentos estão ensaguentados
minhas mãos dolosamente culpadas
Se decompõem em versos atormentados
Cristhina Rangel.