SENDAS SEM LINHAS 


Que veredas as minhas?
Quais saídas?

Mal sei se por vaidade ou covardia
Escolho nublar as rugas cinzas...

Surjo e manquejo na madrugada fria.
Perco-me entre mazelas.
Saudade e angústia habitam casas,
Vizinhas a esta casa que sou...
A mente se espreme entre arruelas.
Observa, aperta-se, geme, 
Parece iluminar-se mas não vê...
Nada entende. 

Terei de viver ainda uma vez mais essa vida
(e inúmeras outras iguais)
Sem o conforto de ser linear?

Oculto-me logo que a claridade nasce.
A luz do dia perturba-me
Como aos morcegos...

Sigo, assim, a sina infeliz
De ser esboço,
A sombra de mim...
A sombra do que fui e me fiz,
Que se destina infinita em vestígios.

Comigo me desavim.



Imagem: aquarela de Hermann Hesse, "Maskenball", 1926
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 14/09/2012
Reeditado em 15/09/2012
Código do texto: T3882159
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