MORAR NA ROÇA

Como seria bom morar na roça

Ouvindo de manhã a passarada

Gorjeando ali pertinho da palhoça,

E o baque da porteira pela estrada!

E a cachoeira a roncar fina ou grossa

Desperta uma saudade intolerada

E a gente sem saber sae remoça.

A espera de um amor e sem mais nada!

Os cães que ladram no terreiro sós,

Guardas fiéis na noite solitária.

E rondam o terreiro e os cafundós

Sem paga alguma em moeda pecuniária.

E quando a lua cheia – luz qual bola –

Ilumina o sertão em luz prateada

Dando ao roceiro a inspiração na viola

E ao toque, alguém canta feliz toada.

A onça bravia rosna na floresta

A procura da presa já encurralada.

Para os mais fortes, aquilo é uma festa,

Porém corre de medo , é a criançada.

E o vento sendo coado pela mata

Até parece um concerto de flauta

Que aa solidão inteira desbarata...

É do sertão a voz linda e mais alta.

Os cães durante o dia vão, latindo,

Do terreiro a distante encruzilhada,

Vão caçar as lebres que estão fugindo.

Por tudo, residir na roça é bom

Com água, ar puro, paz e pouco som.

Parabéns ao povo da roça, lindo!

Salé, 13/09/12, às 20h 40min. Lucas