PAZ EM SÉPIA
Elane Tomich
Hoje me reservo
paz na atmosfera.
Arrumo meu acervo
num pedacinho de glória.
Durmo quieta na espera
esfera que rolou da história
Demoli alguns tijolos
mas não toquei nos limites.
do cercado da emoção.
Trago a tiracolo
a vazão em que sumistes
e chego ao teu coração
com o alegre em vez do triste
teu cajado são minhas mãos.
Desse tanto de gostar
canto maior outro tanto.
Este som de acrobacia
do meu sabiá, encanto.
Sépia, afogado, teu canto
na voz da fotografia.
Teu riso em esperanto
crucifixo na parede,
os teu olhos confinados
no preso seco do pranto
aumentando um tanto a sede
do nosso amor penhorado
Ontem agora é hoje
assisto o primeiro ato.
Delicado anel, ex-voto
de santo artesanato
teu toque não mais me foge
chegamos ao fim do remoto.